QUERER PROFUNDO
Não quero jogar a
âncora
Onde habitam os meus
desassossegos
Quero seguir viagem
Rumo às levezas
Que sempre estiveram
no meu entorno
Quero voltar a
enxergar além dos muros da minha rua
Quero o palpável
Quero o infinito num
segundo
Quero a verdade
Não quero ser digna
de compaixão
Quero o riso
Quero a cumplicidade
Quero que me olhem
nos olhos
Que me apontem os
erros
Mas também quero que
me abracem
Não quero ficar a
deriva
Quero um cais
Pra aportar minhas
fragilidades
Quando porventura
Elas falarem mais
alto que meu discernimento
Quero o arrepio
Quero poder ficar a
flor da pele
Com as coisas que me
tocam a alma
Às vezes quero colo
Pra ter um respiro
pra levantar
E ir em busca das
coisas que acredito
Quero o desejo
Quero a canção
Não quero a frieza de
olhos que não se olham
Quero a poesia de um
entardecer
Não quero o desvario
dos vaidosos
Quero a simplicidade
de poder viver as coisas na sua plenitude
E a realidade de ser
o que elas são
Não quero viver no
raso
Quero o mar em toda
sua profundidade
Quero as ondas me
levando e me trazendo
Quero devassar os
segredos em mim
Ana Mascarenhas-
28/02/20014